Vivemos
um tempo em que tudo está muito relativizado. Principalmente, a fé. Já não é
mais uma coisa agradável levantar cedo aos domingos, e em família ir à Missa.
Já está distante de nós a vontade e o desejo da santidade, porque a sociedade
grita aos quatro cantos: “Isso é impossível! Ninguém é perfeito!”. Recordo-me
de uma música belíssima do Padre Zezinho, que diz: “Eu vim de lá do interior,
aonde a religião ainda é importante; lá se alguém passa em frente da Matriz, se
benze e pensa em Deus, e não sente vergonha de ter fé...”.
Realmente,
o assunto “religião” não é mais o alvo das rodas de conversa em nossos lares. A
tecnologia, a televisão, a internet,
as redes sociais e o convívio virtual tomaram o espaço das boas “prosas” em
família, das novenas e “rezas” na casa dos vizinhos. Mas há, nisso tudo, um
fato intrigante. Em 50 anos, nunca os Seminários estiveram tão cheios como
estão atualmente. Como se explica isso, se a fé está relativizada e foi jogada
fora por muitos? Que chamado é esse, que afirmam vir do próprio Deus, e que os
deixa como que em outro mundo?
A
resposta é simples: é, com toda a certeza, o próprio Deus quem chama. Se não
fosse assim, não existiriam jovens ainda nos tempos atuais dispostos a darem
suas vidas em favor dos irmãos. E se é Deus quem chama, o chamado daquele que
quer ser Padre baseia-se na diferença,
não na diferença de “patamares”, como dizer “eu estou aqui, você está lá”, mas
o chamado do Seminarista baseia-se em fazer
a diferença no meio da juventude que, muitas vezes, nunca ouviu falar de
Deus do jeito certo.
Quando
se olha para o Padre e se vê nele alguém de
Deus, alguém que transmite a Palavra de Deus, que celebra a Eucaristia e os
Sacramentos com piedade e devoção, que não se cansa ao dormir tarde e levantar
demasiadamente cedo, há uma grande chance de que alguns jovens daquela
comunidade desejem ser como aquele Padre. Sempre ouvi de um Padre amigo:
“Se faltam fiéis cheios de Deus, é porque
faltam Padres transbordando!”.
Interessante
esta reflexão... faltam Padres
transbordando. De que? De Deus. Parece tão simples, mas isso implica um
questionamento ainda maior: porque é que faltam Padres transbordando? Será que
é somente porque alguns deles não estão em contato direto e contínuo com Deus,
ou porque o rebanho não pede ao Bom Pastor a santificação do pastor que Ele
colocou para guiá-lo? Falta dedicação dos Pastores ou oração do rebanho? As
duas coisas. Deus Pai é presente na história humana; se compadece de nós e envia
Pastores para nos ensinar os caminhos do Céu. E suscita nos jovens do século
XXI esta vocação tão linda e tão sublime.
Aos
Pastores, cabe rezar pelo seu rebanho e para que o Bom Pastor não lhes deixe
faltar o zelo pelas ovelhas; ao rebanho, cabe pedir ao dono da Messe, que envie
Pastores, operários santos, dignos e que amem as ovelhas como um verdadeiro
Pastor, a exemplo do próprio Jesus, o Bom Pastor. Que o Pastor se dedique mais
e o povo reze mais. Amém!